"A negociação para a permanência de Neymar no Santos teve ares de novela. Com momentos de suspense, reviravoltas, aproximações e afastamentos até o final feliz. O acordo, selado com um novo contrato, que vence no fim de julho de 2014, garante ganhos maiores ao jogador e dá ao Peixe a certeza de bom futebol, títulos e de exposição inédita de sua marca.
O GLOBOESPORTE.COM conversou com pessoas envolvidas na negociação para explicar como o Santos conseguiu algo que era considerado impossível: manter o melhor jogador brasileiro na atualidade jogando no país por mais dois anos e meio. O acordo, que esteve por um fio por várias vezes, foi assinado quarta-feira passada.
Para convencer Neymar a ficar, o clube praiano tomou algumas medidas. Primeiro, redistribuiu os direitos sobre a imagem do jogador, cedendo a ele mais 20%. Agora, o astro fica com 90% das verbas de publicidade em que atua como garoto-propaganda. O Santos tem 10%. Antes, o atacante tinha 70%, e o clube, 30%. A multa rescisória aumentou de € 45 milhões (R$ 107,5 milhões, na cotação de terça-feira, 14 de novembro) para € 70 milhões (R$ 167,3 milhões). O Peixe também aumentou os salários do jogador (a menor parte na equação de ganhos do craque): passou de R$ 160 mil para R$ 250 mil.
O primeiro contrato de publicidade a ser fechado com a nova divisão será com um banco multinacional, que está passando à frente de outra instituição financeira estatal. Além de oferecer um “cachê” maior, o novo interessado prepara uma campanha mundial utilizando a imagem de Neymar. As negociações estão adiantadas, mas ainda não concluídas.
Com a nova engenharia financeira e mais o contrato com o banco, o camisa 11 do Santos vai ganhar, aproximadamente, R$ 1,5 milhão por mês. Valor que poderá aumentar à medida que novas empresas apareçam querendo explorar a imagem do jogador que, hoje, é símbolo da nova Seleção Brasileira.
Confiante, a diretoria merengue até mandou ao Brasil o médico Carlos Diez para supervisionar exames do jogador. Parecia que o cerco tinha se fechado. No Santos, havia a certeza de que era fato consumado: Neymar iria para o Real Madrid logo após os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, sob um contrato por seis temporadas.
No entanto, Luis Alvaro Ribeiro não respondeu às propostas. Foi “toureando” os gigantes europeus tentando ampliar prazos, valores e condições. Ganhando tempo, enfim. Enquanto isso, procurou Neymar da Silva Santos para convencê-lo a não se precipitar. Afinal, a janela de transferências estava fechada. Não havia pressa para decidir. Aproveitou para lançar a ideia: por que não deixar Neymar no Brasil até a Copa de 2014?
Assim, na visão de Luis Alvaro, o jogador disputaria o Mundial como símbolo da Seleção, atuando no Brasil, ganharia ainda mais projeção, agregaria valor e poderia negociar contratos bem melhores lá na frente. E deu o tiro de misericórdia, que acabou convencendo o pai do craque: ficando no Peixe, Neymar teria seu contrato refeito, passando a vencer no fim de julho de 2014 (antes iria até fevereiro de 2015), e, após a Copa, estaria livre para negociar com quem quisesse, ficando com a maior parte da bolada. Xeque-mate.
Como o Santos lucra?
O Santos tem 55% dos direitos sobre Neymar, mas se comprometeu a repassar 10% de seus lucros em uma eventual venda para o jogador. Outros 40% são do Grupo DIS, e os 5% restantes pertencem à Terceira Estrela Investimentos S.A., fundo criado por empresários santistas que apoiam a atual diretoria. Ou seja, no caso da proposta de € 55 milhões (131,45 milhões), o Santos ficaria com cerca de R$ 65 milhões (já descontados os 10% destinados a Neymar).
É tanto dinheiro que até mesmo membros do grupo de apoio de Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro acharam exagerada a proposta do dirigente de abrir mão disso para ter Neymar por mais dois anos e meio. O mandatário, porém, acredita que o clube consegue lucrar mais mantendo o craque: com verbas de publicidade, patrocínios, aumentando audiência e, consequentemente, a fatia a que tem direito nos direitos de transmissão. Além disso, aposta em exposição mundial da marca, em retorno de mídia, e, a médio prazo, no aumento do número de torcedores."
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